O CDS apelou hoje ao envolvimento dos parceiros sociais na resposta aos problemas do envelhecimento, tendo PS e PCP considerado ser necessário ir além de "palavras muito bonitas" e acusado o Governo de retirar direitos e condições aos idosos.
"O principal desafio deste Ano Europeu [do Envelhecimento Activo e da Solidariedade entre Gerações] consiste em mobilizar e envolver todos os parceiros sociais nas estratégias de intervenção, de modo a gerar uma acção de grande amplitude a nível nacional, regional e local, por toda a União Europeia", afirmou o deputado do CDS-PP Raul de Almeida, numa declaração política na sessão plenária de hoje do Parlamento.
O deputado sublinhou diversas vezes a importância deste Ano Europeu do Envelhecimento Activo, dado o envelhecimento da população, considerando que é "uma oportunidade de intensificar a construção de uma sociedade mais justa e mais fraterna com maior equidade". "É dum salto qualitativo na nossa qualidade de vida, no aprofundamento da nossa cidadania que aqui hoje vos falei", concluiu Raul de Almeida, considerando que "todos" estão convocados "sem excepção".
O deputado do PS Manuel Pizarro considerou o "tema muito pertinente", destacando que o envelhecimento coloca problemas que resultam "em larga medida" do sucesso do Serviço Nacional de Saúde, ponto que mereceu a concordância de Raul de Almeida.
Porém, acrescentou Pizarro, a questão "exige respostas concretas" e não apenas "proclamações genéricas" de que ninguém discorda, questionando a seguir o CDS sobre as intenções da maioria de direita no poder em relação à Rede de Cuidados Continuados. Pizarro destacou que têm sido frequentes "notícias" que dão conta de que instituições de solidariedade social têm instalações e equipas preparadas para começar a funcionar, mas que não abrem devido a "atrasos burocráticos", o que considerou "impiedoso".
Na resposta ao antigo secretário de Estado da Saúde, Raul Almeida garantiu que o Governo está empenhado em manter e alargar a Rede de Cuidados Continuados, mas que há agora uma alteração de "práticas", tendo deixado de haver "inaugurações à pressa" de unidades, como acontecia, disse, no Executivo anterior.
Também o PCP considerou que Raul de Almeida usou na sua intervenção inicial "palavras muito bonitas", mas que o "comportamento deste Governo relativamente aos idosos" é outro. Neste sentido, o deputado comunista Jorge Machado criticou os "cortes" nas pensões; o aumento dos transportes, "condenando milhares de idosos ao isolamento"; o "ataque" ao Serviço Nacional de Saúde que dificulta o acesso aos cuidados e "a lei dos despejos" que, considerou, obrigará muitos idosos a sair das suas casas.
"Em vez de um envelhecimento activo, temos um empobrecimento activo", considerou Jorge Machado, apontando ainda a "tendência europeia" com "fiéis seguidores" no Parlamento português de defesa da extensão da idade de reforma.
Raul de Almeida respondeu que "ninguém fala na extensão da idade de reforma", mas de criar oportunidades para quem quer continuar em actividade para além desse limite etário, apelando ao PCP para "actualizar" o discurso. O deputado do CDS afirmou ainda que o Governo não cortou as pensões mais baixas, antes as actualizou em relação à inflação e descongelou outras. Por decisão do Executivo, acrescentou, "os mais sacrificados" têm agora isenção nas taxas moderadoras.
O deputado do PSD Adão Silva elogiou a intervenção do CDS e garantiu que os dois partidos que apoiam o Governo, assim como o próprio Executivo, tudo farão para responder aos problemas do envelhecimento.
Fonte: Público
Sem comentários:
Enviar um comentário