sábado, 29 de setembro de 2012

O futuro do poder militar - Por Adriano Moreira


Por muito insuspeita que seja a imparcialidade científica de um analista, e sobretudo de um doutrinador, em relação à nacionalidade a que deve lealdade (allegiance), a atenção de Joseph Nye ao poder militar não pode deixar de ser condicionada quer pela sua experiência de governo, quer pela longa e recompensada carreira académica.
Neste caso admito que com vantagem para o rigor possível da prospetiva, numa circunstância em que os juízos de certeza quanto ao futuro são impossíveis, os juízos de probabilidade são uma audácia, e os juízos de possibilidade estão sempre sujeitos à imprevisível variação das circunstâncias.
Por isso é certamente com larga e fundamentada prevenção que no seu último trabalho sobre "o futuro do poder", recentemente traduzido para português, se ocupa do poder militar, em tese e particularmente em relação aos EUA.
Na data em que se discute a reformulação do conceito estratégico de defesa e segurança português, as observações do professor merecem atenção, sobretudo não podendo deixar de ter em conta a Aliança e, em relação a ela, expressa ou implicitamente, o que diz respeito à pluralidade de interesses dos aliados, e o que interessa especificamente aos EUA, ou que particularmente inquieta os cidadãos americanos, como são os casos do Iraque e do Afeganistão: lembrando, para marcar a mudança em relação aos tempos que vivemos, a fórmula desatualizada de Napoleão, segundo o qual "Deus está do lado dos grandes batalhões".
Tem interesse, sobretudo para os pequenos países, inevitavelmente envolvidos, direta ou indiretamente, nos conflitos que exigem o recurso à violência das armas, os motivos pelos quais considera que a força militar, e o seu papel, diminuíram no século passado.
Em primeiro lugar estima que os arsenais nucleares, em relação aos quais o Irão é uma constante fonte de inquietações, estão a perder importância porque os líderes avaliam a relação entre o seu custo e os objetivos que razoavelmente tenham em vista, incluindo os custos humanos e devastação inevitável.
Por isso, mesmo para os Estados emergentes, a sua posse é mais dissuasora do que o seu uso; conclui assim que "as armas nucleares continuam a ser importantes na política mundial, mas não como arma de guerra". Por outro lado, adianta, as forças convencionais tornaram-se excessivamente dispendiosas, lembrando que a França conquistou a Argélia com 34 000 soldados mas não conseguiu manter a colónia no século XX com 600 000. Finalmente, cresce nas democracias uma ética antimilitarista, com menos efeitos nos EUA do que noutras potências, segundo concede.
Infelizmente os factos, que não ignora nem omite, vão demonstrando que a deterioração da paz, mesmo apoiada na lógica e na argumentação da poupança, não só mantém o grave resultado condenado pelos discursos dos projetistas da paz que deixaram tantas palavras de esperança, como não impediu que o complexo militar industrial tenha inspirado o desânimo de Eisenhower no seu discurso do adeus.
É evidente que existem outros meios de conseguir a hegemonia, quando o acordo falhe, designadamente a dependência financeira e económica, mas basta ter lembrança das intervenções em curso, para além dos variados conflitos armados locais que já tendem todos para internacionais, para aceitar a evidência de que é a guerra o que está é em mudança, falando-se na "guerra de quarta geração", e que a dispensabilidade das Forças Armadas é negada pela evidência de que a distinção entre civis e militares "pode vir a desaparecer".
A novidade inquietante é que as guerras transnacionais ultrapassam as antigas guerras entre Estados, e a segurança torna-se um desafio mais complexo.
Propor uma estratégia inteligente da parte dos EUA é uma regra já válida anteriormente à indefinida mudança para a chamada quarta geração. O urgente parece ser definir uma política inteligente para que o "interesse nacional permanente" não implique abandonar a paz.

Fonte: Diário de Noticias

domingo, 23 de setembro de 2012

Uma desistência grave - Por Adriano Moreira


A renúncia de Kofi Annan na diligência arbitral que assumiu no sentido de conseguir pelo menos tréguas no criminoso conflito da Síria parece dever advertir a comunidade internacional não apenas da grave intensidade do combate civil, mas também da crise anunciada do poder-dever de intervenção, e dos seus modelos.
A avaliação do aviso não afeta, antes enriquece, a atitude moral do intermediário frustrado, que não cuidou de qualquer erosão do seu prestígio ao assumir o risco-dever de tentativa, bem inscrita no seu passado de obreiro dos métodos de manutenção da paz.
Do que realmente se trata é da segurança e defesa a nível mundial, e da questão do saber se, designadamente pela dimensão da crise financeira dos Estados, o poder-dever de intervenção está a caminhar para a suspensão, agravando a verdadeira anarquia internacional em que já se vive, em vista da ignorância das identidades dos centros que governam a ganância dos poderes financeiros internacionais, e da gestão da casualidade dos conflitos armados por complexos militares-industriais que excedem a capacidade reguladora dos poderes políticos legalmente em exercício.
É lamentável, mas não pode ser omitido, que o fim, considerado auspicioso, da guerra fria tenha dado lugar a um novo período que já foi chamado (Etienne Durand) "época das intervenções". Uma época que se iniciou marcada pela autoridade assumida pela ONU no sentido de presidir à intervenção militar na defesa dos valores democráticos da Carta e exigindo recursos então disponíveis. Uma circunstância que talvez tenha contribuído para a ilusão de que a supremacia ocidental não tinha sido afetada pela guerra mundial de 1939-1945, e portanto fortalecendo até o sólido poder diretivo dos EUA.
Todas as análises admitem que, durante tal período, a superioridade técnica dessas redes políticas ocidentais podia taticamente antecipar os conflitos e estrategicamente reduzir à obediência da ordem os infratores. Não foi o que aconteceu, porque também neste domínio o consequencialismo ultrapassou frequentemente as hipóteses previsíveis, e o poder do fraco contra o forte manifestou capacidades eficazes e desanimadoras, designadamente aperfeiçoando o recurso à guerrilha e, sobretudo, ao terrorismo.
Os exemplos sempre citados do Iraque e do Afeganistão levaram a valorizar a experiência da limitada eficácia da metodologia da intervenção armada, com o tempo a alongar-se em proporção superior à míngua crescente da esperança de concluir com honra e resultados o exercício do invocado poder-dever de intervenção. Aqui, o fator da crise financeira e económica globalizada tem uma presença desgastante evidente, fazendo com que a fadiga cívica causada pelo sacrifício assumido seja agravada pela fadiga da tributação exigida em custos humanos e materiais pelas responsabilidades assumidas pelos interventores.
Que os movimentos de protesto e de censura se manifestem não é uma consequência surpreendente, a qual não apenas afeta a confiança nos responsáveis políticos pelo exercício, como encaminha os decisores para uma atitude e prática da política de precaução em relação ao futuro. E neste futuro cresce a determinação de neutralidade perante os conflitos, por muito que a rede em que se articulam todas as interdependências mundiais não permita evitar os efeitos colaterais.
A evolução da política externa americana, sobretudo na época coincidente com o teste das eleições presidenciais, vai exigir atenta observação da comunidade internacional, para verificar se também neste domínio se desenha um regresso ao predomínio da política interna sobre a externa, tal como acontece, em plano diferente, na crise europeia em curso.
Acrescendo que a debilidade da potência líder da aliança que permanece não reforça o sentido de comunidade na Europa. Tudo com previsões débeis numa data em que a realidade em curso é mais conhecida pelos efeitos colaterais do que por anunciadas e aprovadas políticas públicas.

Fonte: Diário de Noticias

sábado, 22 de setembro de 2012

CDS quer realização de estudo exaustivo sobre doença de Alzheimer


O CDS-PP defendeu hoje a realização de um estudo epidemiológico nacional da doença de Alzheimer e a criação de um estatuto do cuidador informal daqueles doentes.

A deputada do CDS Teresa Caeiro recuperou um projeto de resolução do partido, aprovado na anterior legislatura, para reiterar as recomendações aprovadas pela Assembleia da República, nomeadamente a de um estudo epidemiológico de âmbito nacional. "É um estudo exaustivo, não só para saber quantos são, mas quantos estão por diagnosticar, quantas pessoas é que estando diagnosticadas e não têm acesso aos cuidados necessários, apoio domiciliário, quer apoio institucional, quer apoio terapêutico. Tudo isto é desconhecido neste momento", defendeu a deputada hoje, dia mundial do Alzheimer.

Teresa Caeiro explicou que o projeto de resolução recomendava a "criação de um estatuto do cuidador informal", sendo "que na esmagadora maioria dos casos são familiares próximos que assumem esta responsabilidade", que implica "opções muito dolorosas nas suas vidas, nomeadamente decidirem se continuam a trabalhar". A deputada acrescentou que "é preciso também estabelecer metas para uma cobertura adequada de instituições e de apoio domiciliário, sendo que atualmente não chega sequer a 10 por cento das necessidades".

Sobre o elevado preço dos medicamentos para esta doença, a deputada do CDS argumentou que o acordo entre o Ministério da Saúde e a Apifarma para regularização de dívidas acumuladas dará uma "capacidade de negociação" maior ao Governo para agir nessa matéria. "Quando não estamos capturados por uma dívida monumental, o Estado tem uma maior capacidade de negociação e estou certa que o ministério e as instituições irão abordar essa negociação para que haja preços mais acessíveis a esses medicamentos, que, concordo, têm um valor elevado", disse.

Recorde-se que cerca de 153 mil pessoas sofrem de demência em Portugal, das quais mais de 90 mil com a doença de Alzheimer, de acordo com um relatório de 2009 da Associação Alzheimer Europe.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Paulo Portas: As pessoas têm de ver “um fim e um objetivo claro para o esforço”




Paulo Portas admitiu que eleitores do Governo possam ter estado nas manifestações de sábado e que as pessoas "têm que conseguir ver" um "fim e um objetivo claro para o esforço que estão a fazer".

"A vida está muito difícil para muita gente e as pessoas têm que conseguir ver um fim e um objetivo claro para o esforço que estão a fazer. Portanto, não faço julgamentos sobre a natureza dessas manifestações", afirmou o líder do CDS-PP, acrescentando que "é muito provável que tenham estado naquelas manifestações pessoas com ligações a partidos, mas [estiveram também] muitas pessoas que não têm ligações a partidos". "Até, porventura, pessoas que contribuíram para que esta maioria estivesse no Governo", disse, recusando, por isso, uma "avaliação estritamente partidária" dos protestos.

"Há apenas uma fronteira em que eu acho que a esmagadora maioria dos portugueses comunga com o que eu vou dizer: não são em nenhuma circunstância em democracia admissíveis atos violentos, mas como isso é uma expressão residual, a maioria das pessoas, incluindo as que lá estavam, não gostam disso" defendeu.

Na conferência de imprensa para falar das reuniões dos órgãos do CDS no sábado, Paulo Portas já tinha feito um "apelo ao bom senso da sociedade portuguesa", antes de ser questionado sobre as manifestações, um apelo que estendeu às "instituições" e às "lideranças portuguesas".

"Acho que as pessoas que têm todo o direito a expressar o que lhes vai na alma, porque as coisas estão muito difíceis pedem respostas, pedem soluções, pedem que se melhore as coisas, dentro daquilo que é possível", afirmou Paulo Portas. 

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Paulo Portas pressionado para dar murro na mesa


Conselheiros nacionais defendem coligação, mas querem posição firme.
Quando começar a ouvir os seus conselheiros nacionais, Paulo Portas será confrontado com dois cenários: os que defendem que o partido deve manter o apoio parlamentar ao Executivo de Passos Coelho, mas saltar fora da coligação de Governo; e os que consideram que o sentido de Estado tem de prevalecer sobre a ideologia e as promessas eleitorais. Uma coisa parece certa. Portas está irritado com Passos Coelho e Vítor Gaspar e deverá "prometer ao partido dar um murro na mesa se as propostas anunciadas não forem alteradas", assume fonte centrista.
Todos os membros do Conselho Nacional do CDS ouvidos pelo Diário Económico são unânimes numa ideia: da reunião de sábado tem de sair uma "posição firme" contra o aumento da Taxa Social Única e o agravamento de escalões de IRS. Se não houver essa exigência de uma nova arquitectura orçamental, o partido "sai fragilizado e as pessoas olharão para nós com desconfiança", avança outro conselheiro.
Pedro Sampaio Nunes, uma das vozes mais liberais do CDS, espera que da reunião saia "uma linha directriz que dê força a um Governo que tem de agir com coragem", rejeitanto de todo o fim da coligação e criticando o apelo de Manuela Ferreira Leite para a "insubordinação da disciplina de voto".


Fonte: Diário Económico

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

CDS pressiona Gaspar a recuar nas medidas do OE-2013



O CDS desafiou o ministro das Finanças a recuar nas medidas mais gravosas para o Orçamento de 2013 e a fazer mais cortes no Estado.
O repto de Nuno Magalhães, no debate no Parlamento, trouxe a público o incómodo do parceiro de coligação com o pacote de austeridade anunciado esta semana por Vítor Gaspar.
O líder da bancada centrista disse que o Orçamento é um "trabalho em progresso" e reclamou alterações para compensar as medidas que têm consequências difíceis.
"O Governo pode fazer esforço redobrado para encontrar despesa para cortar [nas PPPs e nas empresas públicas] e que permitam compensar algumas medidas na área fiscal e social que tem impacto negativo. Creio que é este o trabalho que devíamos concentrar atenções."

Fonte: Diário de Noticias

CDS pressiona Gaspar a recuar nas medidas do OE-2013



O CDS desafiou o ministro das Finanças a recuar nas medidas mais gravosas para o Orçamento de 2013 e a fazer mais cortes no Estado.
O repto de Nuno Magalhães, no debate no Parlamento, trouxe a público o incómodo do parceiro de coligação com o pacote de austeridade anunciado esta semana por Vítor Gaspar.
O líder da bancada centrista disse que o Orçamento é um "trabalho em progresso" e reclamou alterações para compensar as medidas que têm consequências difíceis.
"O Governo pode fazer esforço redobrado para encontrar despesa para cortar [nas PPPs e nas empresas públicas] e que permitam compensar algumas medidas na área fiscal e social que tem impacto negativo. Creio que é este o trabalho que devíamos concentrar atenções."

Fonte: Diário de Noticias

Rentrée 2012


Caro Militante,

A rentrée do nosso Partido estava prevista para o Porto, nas próximas 6ª feira e sábado, com um conjunto de actividades para os militantes.

A circunstância de ter terminado a 5ª avaliação da missão externa FMI, CE e BCE representa um momento político muito relevante. Não só porque a notação favorável da missão externa sobre Portugal é importante, como também porque há consequências, na vida dos Portugueses, dessa avaliação que requerem uma reflexão do Partido, como é próprio de uma instituição democrática.

O Presidente do Partido solicitou, por isso, uma reunião da Comissão Política Nacional e outra do Conselho Nacional do CDS.

Essas reuniões têm, naturalmente, prioridade, do ponto de vista da responsabilidade política, sobre qualquer outro evento. Por isso mesmo, decidimos que a realização da Comissão Política Nacional e do Conselho Nacional acontecerão precisamente no próximo sábado, no Porto.

Nessa medida, os eventos previstos para a rentrée não poderão realizar-se neste momento. Estou certo que conto com a vossa compreensão.

Com os melhores cumprimentos,

António Carlos Monteiro
Secretário-Geral

Nota: Carta do Secretário-Geral do CDS-PP aos militantes.

CDS cancela rentrée e troca-a por Conselho Nacional


O CDS-PP cancelou hoje mesmo a sua festa de rentrée política marcada para sexta-feira e sábado no Porto e trocou-a pelas reuniões dos dois órgãos de orientação política: a comissão política nacional e o Conselho Nacional, o mais importante órgão entre congressos, apurou o PÚBLICO.
O anúncio desta troca de eventos, que não esconde o momento de crise na coligação governamental, está a ser feito esta tarde aos militantes, através de carta assinada pelo secretário-geral do partido, António Carlos Monteiro. E acontece mesmo depois do almoço a sós entre o líder do CDS-PP, Paulo Portas, e o primeiro-ministro, Passos Coelho, que está a ser avançado pelo Expresso online.

“A circunstância de ter terminado a 5ª avaliação da missão externa – FMI, CE e BCE – representa um momento político muito relevante. Não só porque a notação favorável da missão externa sobre Portugal é importante, como também porque há consequências, na vida dos Portugueses, dessa avaliação que requerem uma reflexão do Partido, como é próprio de uma instituição democrática”, escreve este dirigente.

Lembrando que Paulo Portas solicitou a reunião dos dois órgãos do partido, António Carlos Monteiro acrescenta que estas têm, “naturalmente, prioridade, do ponto de vista da responsabilidade política, sobre qualquer outro evento”. Mas foi mantido o calendário e o local: os dois órgãos reúnem sábado no Porto.

Fonte: Público

Vice-presidente do CDS-PP arrasa medidas anunciadas


O vice-presidente do CDS-PP, Artur Lima, teceu hoje duras críticas às últimas medidas de austeridade anunciadas pelo Governo.
"O CDS-PP nos Açores não está com o Governo da República, está contra estas medidas e, obviamente, que está contra o partido a nível nacional e digo isto com a responsabilidade que tenho de até ser vice-presidente do partido a nível nacional", afirmou Artur Lima, que é líder do partido nos Açores, numa conferência de imprensa em Angra do Heroísmo.
Artur Lima considerou que as medidas de austeridade anunciadas pelo primeiro-ministro e pelo ministro das Finanças "vão penalizar fortemente o consumo e, consequentemente, aumentar a recessão", pedindo, por isso, explicações ao executivo de Pedro Passos Coelho.
"Não admito que já seja só Sócrates a servir de desculpa. Ao fim de um ano ainda não sabem quantos institutos é preciso extinguir, quantas fundações é preciso extinguir, quanto é preciso cortar nos gastos intermédios do Estado? Então o que é que andaram lá fazer?", questionou.
Artur Lima frisou que houve alguma "precipitação" por parte do Governo, "talvez por a ´troika´ estar cá", salientando que as medidas apresentadas não foram bem explicadas aos portugueses.
O vice-presidente do CDS-PP defendeu que é preciso tomar opções diferente, como cortar na atribuição de dinheiro a câmaras falidas, à RTP, a fundações e a institutos públicos.
"Ou há aqui um Governo que tem a coragem de cortar, mas não é nas pessoas, é no Estado, e começar de cima para baixo, ou então este país nunca mais tem solução, nem com ´troika´, nem sem ´troika´", frisou.
Artur Lima garantiu ainda confiar "totalmente no bom senso" de Paulo Portas, presidente do CDS-PP, que elogiou pela serenidade e ponderação com que está a lidar com esta situação, mas lembrou que esteve contra a coligação do CDS com o PSD.
O vice-presidente do CDS-PP admitiu que existe um "clima de algum desagrado dentro da coligação", defendendo que todas as partes conversem "no recato e com a serenidade necessária", em vez de fazerem "politiquice", e que o PS seja envolvido nas conversações.

Fonte: Diário Económico

CDS/PP não comenta como correu reunião com Vítor Gaspar


João Almeida, porta-voz do CDS/PP, recusou hoje falar sobre o que se passou no encontro com Vítor Gaspar. “Reuniões à porta fechada são reuniões à porta fechada”, disse apenas no final.
Ao porta-voz do CDS/PP é atribuída uma das intervenções mais duras que hoje se ouviram no encontro dos grupos parlamentares do PSD e do CDS/PP com o o ministro das Finanças, com o site do “Expresso” a avançar que João Almeida criticou abertamente a subida subida das contribuições para a segurança social a cargo do trabalhador e o novo agravamento do IRS ontem anunciado por Vítor Gaspar. Na resposta o ministro das Finanças foi igualmente igualmente duro e terá mesmo classificado as observações do porta-voz do CDS/PP de “disparate”.
No final do encontro, que durou mais de três horas, João Almeida recusou falar sobre a reunião, repetindo que se tratou de um encontro à porta fechada e remeteu a responsabilidade das afirmações que lhe são atribuídas a quem as colocou cá fora.
Guilherme Silva, do PSD, quando questionado sobre o tom usado pelo porta-voz do CDS PP, afirmou apenas que João Almeida “colocou preocupações que todos partilhamos”, acrescentando ainda “que todos sabemos que se tratam de medidas gravosas, mas que não temos alternativa”.
O deputado social-democrata eleito pela Madeira sublinhou ainda que, nessa perspetiva, a reunião com Vitor Gaspar foi “muito útil e pedagógica”. Uma opinião igualmente partilhada por Carlos Abreu Amorim (PSD), que salientou que o encontro “fez todo o sentido.

Fonte: Dinheiro Vivo

Porta-Voz do CDS arrasa Gaspar e este responde na mesma moeda


Deputado do CDS ataca alterações na TSU e nos impostos. "Disparate", responde o ministro das Finanças.

O porta-voz do CDS, João Almeida, fez esta manhã uma intervenção muito dura frente ao ministro das Finanças, mostrando-se frontalmente contra as mexidas na Taxa Social Única e criticando a subida das taxas de IRS ontem anunciada por Vítor Gaspar.
Segundo o Expresso apurou, o deputado centrista, que falava durante uma reunião dos grupos parlamentares do PSD e do CDS com o ministro das Finanças, também questionou a razão por que o Governo anunciou medidas que representam um aumento de receita de 5 mil milhões de euros, valor que não bate certo com a flexibilização das metas do défice (uma questão, aliás, também levantada por deputados do PSD).

Segundo contaram ao Expresso deputados que assistem à reunião, que ainda decorre, a resposta do ministro das Finanças foi igualmente dura. Começando por classificar a intervenção do porta-voz do CDS como "um disparate". Uma palavra que gelou a sala.

Almeida tinha criticado as alterações na TSU, com os trabalhadores a descontar mais 7% e os patrões a descontar menos 6%, considerando que eram uma transferência de capital dos trabalhadores para as empresas, que corta o rendimento disponível das famílias e não terá nenhum dos efeitos positivos sobre o emprego que o Governo tem anunciado. Gaspar reafirmou a cartilha oficial do Governo, de que esta é uma medida que vai ajudar o emprego e as empresas.

Gaspar admite hipótese de não agravar o IRS


Questionado sobre se estas alterações na TSU foram impostas pela troika, e se podem ser explicadas como tal aos portugueses, Gaspar foi perentório: não foi imposição da troika, foi uma opção consciente do Governo.
Sobre o aumento da taxa média efetiva de IRS, à boleia da redução do número de escalões, o ministro deu razão a João Almeida: de facto, o que está no programa de Governo é uma alteração dos escalões por razões de "simplificação", sem aumento da carga fiscal - no entanto, explicou Gaspar, a realidade impõe um agravamento das taxas.
Gaspar deixou, porém, aberta a hipótese de não aumentar a taxa efetiva de IRS caso o Governo consiga até à apresentação do OE desenhar um grande programa de cortes adicionais na despesa pública.

Fonte: Expresso

Bagão Félix reconhece que CDS tem alguns dilemas por resolver


Bagão Félix, figura próxima do CDS-PP e de Paulo Portas, reconhece que o partido tem alguns dilemas por resolver depois do líder ter escrito que não havia margem para novo aumento de impostos.
Bagão Félix, ouvido pela TSF, comentou os novos cortes, taxas e impostos anunciados por Vítor Gaspar, dizendo que a nota mais preocupante é o aumento do IRS que vai resultar da redução do número de escalões

Fonte: TSF

Hélder Amaral garante que CDS-PP coloca interesse nacional à frente do interesse partidário


O vice-presidente da Comissão Política do CDS-PP Hélder Amaral recusa revelar qualquer posição antes da reunião que os órgãos do partido vão ter com o líder, Paulo Portas. Hélder Amaral afirma apenas que o partido vai ser dar primazia ao interesse nacional.

Questionado pela jornalista da Antena1 Rosa Azevedo se a coligação governamental estará em risco dada a conjuntura, Hélder Amaral responde negativamente.

“Na minha perspetiva não influencia nada. O CDS-PP é um partido responsável. O interesse nacional é sempre colocado à frente do interesse partidário, não podia ser de outra forma”, assegura.

Hélder Amaral garante que o mais importante para o partido é a situação do país: “O que o CDS tem é que ser um partido responsável. Está numa coligação de governo numa situação muito difícil de resgate internacional da economia nacional em que a nossa soberania não está no seu pleno uso”.

“Para podermos sobreviver tivemos que nos sujeitar a condições impostas por quem nos deu apoio e de forma que estamos neste momento a atravessar esta situação difícil”, recorda o deputado centrista.

O presidente do CDS-PP, Paulo Portas, deverá manter-se em silêncio até ao encontro com a Comissão Política e o Conselho Nacional do partido. As novas medidas de austeridade foram anunciadas na terça-feira à tarde pelo ministro das Finanças.

Fonte: RTP

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Paulo Portas: "Quero ouvir o partido e os seus militantes"


O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, anunciou nesta terça-feira que vai reunir a Comissão Política Nacional do CDS-PP, onde proporá a convocação do Conselho Nacional do partido que preside. "Quero ouvir o partido, os seus militantes e os seus dirigentes", referiu, na Assembleia da República, onde se deslocou à Comissão Parlamentar de Negócios Estrangeiros, reagindo às várias vozes discordantes que se têm ouvido entre os centristas quanto às novas medidas de austeridade.

"A razão pela qual até agora fui prudente chama-se patriotismo", disse Paulo Portas, que se recusara a comentar a subida na contribuição dos trabalhadores para a Segurança Social durante a sua visita oficial ao Brasil, alegando estar em representação de Portugal.
Paulo Portas disse aos jornalistas que o esperavam na Assembleia da República que "não temos ainda condições para vivermos com independência", reservando mais comentários para quando for apresentada a proposta de Orçamento do Estado para 2013.

Fonte: Correio da Manhã

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Os 90 anos de um 'senador' da política e da direita portuguesas


Adriano Moreira, que completa hoje 90 anos, diz em entrevista à Lusa que a sua vida «foi a escola» e a política apenas «uma obrigação cívica», que o fez ser ministro do Ultramar, liderar o CDS e passar 14 anos no Parlamento.
Nascido a 6 de Setembro de 1922 em Grijó, Macedo de Cavaleiros, Adriano Moreira licenciou-se em Direito pela Universidade de Lisboa e doutorou-se pela Universidad Complutense de Madrid e pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP).
Foi ministro do Ultramar de 1961 a 1963, no Estado Novo de Salazar, que o chamou, segundo diz hoje o próprio Adriano Moreira, para «pôr em prática» aquilo que ensinava nas suas aulas, ou seja, um conjunto de reformas para os então territórios ultramarinos quando estalaram as primeiras revoltas em Angola contra a colonização portuguesa.
«Eu tinha ido a África na década de 50 pela primeira vez a pedido do ministro do Ultramar. Eu dava aulas de direito e ele queria fazer a reforma prisional. E eu fui. E tive o que eu chamo a minha primeira queda no mundo. Porque cheguei à conclusão de que a realidade não correspondia àquilo que eu próprio ensinava. E aqui começou a ideia de que o que era necessário era uma escola de ciências sociais porque o mundo que vinha aí exigia não uma formação profissional de administradores coloniais, mas uma escola de ciências sociais que soubesse lidar com as diferenças culturais dos povos e as condições do encontro, muitas vezes conflituoso», conta.
A segunda «queda no mundo» foi nas Nações Unidas, também na década de 1950, quando integrou uma missão portuguesa: «Aí pude ouvir pela primeira vez em liberdade as vozes dos povos que eram tratados como mudos ou como dispensáveis. E isso mais avivou a minha ideia de que tínhamos de transformar completamente o ensino».
À frente do Ministério do Ultramar fez uma série de reformas, sendo a mais simbólica a revogação do Estatuto do Indigenato.
Saiu do Governo em 1963, quando Salazar lhe pediu para mudar uma política que ameaçava a sua permanência à frente do Executivo. «Acaba de mudar de ministro»,respondeu-lhe Adriano Moreira.
«É preciso ver que ele era uma pessoa que nasce e é educada no século XIX e portanto os seus valores são valores do século XIX», diz, em relação ao ditador.
Passou depois pela presidência da Sociedade de Geografia, onde ficou até 1974, e à frente da qual promoveu o Movimento da União das Comunidades de Língua Portuguesa. E manteve-se à frente do Instituto Superior de Ciências Sociais e Política Ultramarina (hoje ISCSP), escola que ajudou a reformar introduzindo o estudo de diversas ciências sociais, até ser demitido pelo Governo de Marcelo Caetano em 1969. Regressou ao ISCSP em 1983, quando foi eleito presidente do Conselho Científico.
Após o 25 de Abril de 1974 foi saneado das funções oficiais e perdeu os «direitos políticos» por ter sido ministro durante o Estado Novo.
Em 1980, regressa à actividade política, integrando as listas do CDS nas legislativas daquele ano a convite de Freitas do Amaral e de Adelino Amaro da Costa. Em 1983 é eleito presidente do Conselho Nacional do CDS e em 1986 chega à liderança do partido, à frente do qual se mantém até 1988. No Parlamento ficará 14 anos.
Aos 90 anos, Adriano Moreira, que preside à Academia das Ciências, é considerado um dos «senadores» da sociedade e da política portuguesas e um «histórico do CDS». No entanto, diz preferir ser reconhecido como «académico».
«A minha vida foi a escola, sobretudo. A intervenção política foi mais por obrigação cívica», disse à Lusa, a poucos dias de cumprir 90 anos.
Explica o segundo regresso à política pelo momento especial que vivia o país e a necessidade de defender os «valores» da doutrina social da Igreja naquele contexto. E diz que «nunca quis» ser Presidente da República, porque «tem um papel pouco activo» e «pouco consolidado na opinião pública».

Fonte: Lusa/SOL

Pires de Lima ataca "deriva radical" do PS


O democrata-cristão considerou hoje que "as diferenças de opinião" entre os partidos da coligação governamental "são normais" e não representam qualquer drama e atacou o PS por "enveredar por uma deriva radical".
"O Partido Socialista parece, a pretexto de se querer afirmar como uma alternativa, o que é sempre saudável, estar fundamentalmente a demarcar-se do programa da `troika´ e votar contra um Orçamento que ainda nem sequer conhece. Isso é insinuado claramente das palavras do líder do Partido Socialista e de alguns responsáveis do PS", afirmou Pires de Lima.
Questionado pela Lusa sobre as divergências entre os dois partidos da coligação do Governo, PSD e CDS-PP - sobre a RTP e sobre a lei eleitoral autárquica - o presidente do Conselho Nacional democrata-cristão começou por considerar que "é normal que dois partidos diferentes tenham algumas diferenças e que as discutam de forma aberta".
"Eu não vejo qual é o drama dessa situação. Não põe em causa o compromisso que os dois partidos têm para governar Portugal num momento que é muito exigente e em que é preciso assegurar que Portugal continua a recuperar a sua credibilidade internacional", declarou.
O que poderá por em causa aquele objetivo, defendeu Pires de Lima, é "o recente posicionamento do PS, a deriva radical que parece estar a tomar conta do PS".
"Creio que os portugueses dificilmente compreenderiam que o PS entrasse nesta linha populista e mais próxima de partidos de extrema esquerda radical e eu espero que isso não aconteça porque tem tido até agora uma opinião muito positiva e responsável do líder do Partido Socialista", disse.
"Isso é preocupante porque eu acho que não é preciso pôr em causa este ativo que é a imagem e a reputação que Portugal ganhou para afirmar uma diferença e uma alternativa", advertiu.

Fonte: Diário Económico

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Assunção Cristas disponível para ir ao Parlamento


A ministra da Agricultura, Assunção Cristas, disse nesta quarta-feira, no Cartaxo, que está totalmente disponível para ir ao Parlamento responder às questões dos deputados sobre os incêndios, estando a tentar encontrar disponibilidade de agenda.

A governante foi chamada, juntamente com o ministro da Administração Interna, Miguel Macedo, pela oposição parlamentar, para ir à Assembleia da República explicar o que aconteceu nos incêndios de Julho no Algarve.
"Com certeza que é preciso trabalhar em muitas áreas para poder ajudar a prevenir o mais possível e sobretudo reagir o mais possível", disse, referindo a necessidade de intervir em áreas como a gestão da floresta, o cadastro, o conhecimento da propriedade, a existência de políticas activas de mobilização dessa propriedade, e de uma "grande articulação das forças no terreno", matérias que abordará no Parlamento.
Por outro lado, Cristas sublinhou que o grupo interdisciplinar está a trabalhar sobre o problema da seca e das alterações climáticas, de forma a encontrar "vários domínios de respostas prontas, de forma a prevenir as dificuldades que fazem parte do clima".
Assunção Cristas visitou a Agroglobal - Feira do Milho e das Grandes Culturas, que decorre até quinta-feira em Valada, onde participou numa mesa redonda sobre 'o que tem a agricultura para dar aos portugueses', que contou ainda com as participações de António Borges e de João Ferreira do Amaral.
A ministra adiantou que a área ardida antes dos grandes incêndios desta semana estava em cerca de 70 mil hectares, faltando contabilizar as áreas agora afectadas.
Cristas recusou ver no requerimento da sua ida ao Parlamento qualquer "ataque da esquerda" à sua pasta, declarando-se disponível para "dar todas as explicações".
Recusou ainda comentar referências a uma possível remodelação governamental que incluiria o seu nome, afirmando apenas que o seu ministério passou a coordenar um conjunto de áreas que têm a ver muito umas com as outras.
"Nada disso me perturba. Sinto-me muito confortável a fazer o que me foi pedido", disse, considerando que a "extensão" do seu ministério é uma "oportunidade para resolver matérias que nunca foram resolvidas".

Fonte: Correio da Manhã

terça-feira, 4 de setembro de 2012

CDS disse à 'troika' que está contra novo agravamento dos impostos



O CDS-PP disse hoje que reafirmou junto da 'troika' a sua oposição a um novo agravamento dos impostos, posição transmitida na reunião dos líderes da missão com os deputados da comissão parlamentar que acompanha o programa.
De acordo com o deputado democrata-cristão Adolfo Mesquita Nunes, foi transmitido à 'troika' que a política fiscal já prevista é a que deve continuar a ser seguida e que os impostos não podem ser novamente agravados, numa altura em que o Governo procura alternativas para compensar os cortes dos subsídios de férias e de natal aos funcionários públicos e pensionistas, que o Tribunal Constitucional considerou inconstitucional, e que para o próximo ano não podem ser aplicados, pelo menos na actual fórmula.
«O CDS disse à ‘troika' que não é possível e não há espaço para alterar do ponto de vista do agravamento das condições fiscais aquilo que está já previsto no memorando, isto é, o CDS reafirmou aquilo que tem dito sempre, que a política fiscal que está prevista no memorando é a política que deve ser seguida, não pode ser agravada», afirmou Adolfo Mesquita Nunes.
O deputado que representou o CDS-PP na reunião com os chefes da missão da 'troika' - Abebe Selassie do Fundo Monetário Internacional; Jürgen Kröger da Comissão Europeia; Rasmus Rüffer do Banco Central Europeu -, e que ainda contou com a presença dos representantes permanentes em Portugal - Martin Hallet pela CE, e Albert Jaeger pelo FMI - diz que o partido ainda expressou os esforços do Governo para reduzir a despesa.
«As dificuldades sentidas pelo Governo no cumprimento dos limites do défice não podem fazer esquecer o comportamento exemplar da redução da despesa e o comportamento exemplar dos empresários portugueses que estão a conseguir tornar a nossa balança de pagamentos menos desajustada», disse ainda o deputado, daquilo que terá transmitido à 'troika'.

Fonte: Lusa/SOL

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

O globalismo e o separatismo por Adriano Moreira


Diariamente os noticiários acumulam informações contraditórias sobre o destino da Europa, umas pressentindo um final de escombros, outras animando para a unidade solidária e com novo futuro, mas frequentemente como se a Europa fosse ainda o centro de um império euromundista, e um ou outro país supondo-se líder do sistema em crise.
É evidente que não podem excluir-se da narrativa da crise os erros de cada governo que se multiplicaram, mas também não ajuda a racionalizar o entendimento de situação esquecer que o globalismo foi um efeito sem projeto, e que o cisne negro que influenciou toda a evolução da decadência foi a última guerra mundial, tudo responsabilidade de europeus.
Logo no fim do conflito, que realmente haveria de continuar com o nome de Guerra Fria, não foi suficientemente compreendido e dito que a Europa não tinha abandonado, apenas por princípios, o que chamou, para legitimar a expansão colonial, "o fardo do homem branco", que era levar a civilização a todas as áreas culturais, mas sim que o abandonava por ter esgotado as suas capacidades.
As angustiantes discussões sobre o futuro dos povos europeus, de regra omitindo que o conceito mais rigoroso é o de povos ocidentais, andam sempre à volta de cálculos económicos, baseados nas reverenciadas mensagens das estatísticas, mas não parece que seja levada suficientemente em conta a realidade nova, que privou os ocidentais dos seus poderes, que não eram apenas científicos e técnicos, eram simples e maquiavelicamente políticos.
No fim da Segunda Guerra Mundial, os poderes ocidentais dominavam e governavam, no que tocava aos europeus, pelo menos a África, mais parte da Ásia, enquanto a Rússia e a América tinham impérios com algumas diferenças na maneira de agir. O império russo, então soviético, durou mais tempo formalmente, mas pela década de cinquenta já dava sinais de desagregação.
O predomínio político dos ocidentais, que começou nos séculos XV e XVI, com notável participação portuguesa, foi destroçado pelas suas guerras civis, por circunstâncias de que a sua própria governança interna foi pela maior parte responsável, sendo o mais evidente fator da sua derrocada o facto de os povos até então tratados, em geral, como mudos ou dispensáveis, colocarem um ponto final na tolerância.
Perderam não apenas o poder político, mas também o domínio das matérias-primas, das energias não renováveis, dos mercados dos produtos acabados, que tinham sido objeto animador das decisões expansionistas do fim do século XIX.
O grande facto foi que os povos da Ásia e da África, que viveram o descalabro ocidental do século XX, não admitiriam continuar a viver sob domínio exterior. O desastre da Indochina, a inutilidade custosa da Argélia, a retirada portuguesa, demonstraram-lhes que os intitulados vencedores da guerra mundial guardavam a memória do prestígio, mas não adquiriram a nova perceção da realidade.
A ideia, talvez sobretudo americana, de que a superioridade técnica e científica, do saber e do saber fazer, poderia assegurar uma supremacia de novos moldes deveria tomar em conta que o complexo militar-industrial, que Eisenhower não conseguiu dominar, espalharia pelo mundo os seus instrumentos de exercício, que a difusão do saber e do saber fazer não pode ser impedida, e que o peso de manter as supremacias políticas passou a ser visto pelas novas gerações segundo um conceito que se divulgou: "No longer an honour for sons to die." A própria unidade política interna dos ocidentais foi posta em risco, como na Espanha, na Inglaterra, na Bélgica, na Itália, e assim por diante, o que inclui as fragilidades da unidade europeia.
Que a ideia da supremacia não perdeu vigência é evidente, mas o facto é que os ocidentais passaram a ter que evoluir na sua nova circunstância e dependência. E para enfrentar esta nova situação não são os separatismos e as arrogâncias os mais indicados pressupostos para uma nova ordem, incluindo a paz, e a segurança humana. Porque as imaginadas superioridades definitivamente não prognosticam vencedores e vencidos, mas apenas desastres globais.

Fonte: Diário de Noticias

CDS pede reunião extraordinária para discutir privatização da ANA



O grupo de deputados do CDS-PP na Assembleia Municipal do Porto solicitou a convocação de uma reunião extraordinária para discussão do processo de privatização da ANA - Aeroportos de Portugal, foi anunciado esta segunda-feira.

O requerimento para realização da reunião extraordinária já foi enviado ao presidente da Assembleia Municipal do Porto, o social-democrata Valente de Oliveira.

Na sexta-feira, o CDS-PP/Porto criticou o modelo de privatização da ANA - Aeroportos de Portugal, defendendo que os aeroportos devem ser «privatizados autonomamente» para que não seja posto em causa o desenvolvimento da região Norte.

Para o CDS-PP, a vontade do Governo em privatizar a ANA com todos os aeroportos incluídos no seu património «conduz a uma grave ameaça ao interesse de Portugal e da região Norte, na medida em que não promoverá equitativamente o desenvolvimento regional do país, voltando-se uma vez mais a prejudicar a coesão nacional em função da gestão do país a favor dos interesses da capital».

«A privatização da ANA terá um impacto muito negativo no crescimento do turismo e consequente desenvolvimento cultural e económico da cidade do Porto e da região Norte», refere.

O CDS-PP entende que «só a gestão autónoma do aeroporto do Porto fará com que este seja gerido exclusivamente em nome dos interesses socioeconómicos da região e nunca em função da rentabilização dos aeroportos de Faro ou Portela».

«Só desta forma o aeroporto estará exclusivamente ao serviço das empresas, do emprego e da população do Porto e da região Norte, traduzindo-se num instrumento de criação de riqueza, de aumento da qualidade de vida e de promoção de coesão social», sublinha.

O Conselho de Ministros aprovou na quinta-feira o processo de privatização da ANA «mediante a alienação das ações representativas de até 100%» do capital social da empresa.

«A alienação efetuar-se-á através de uma operação de venda, por negociação particular, a um ou mais investidores, nacionais ou estrangeiros, individualmente ou em agrupamento e através de uma operação de oferta pública de venda dirigida exclusivamente a trabalhadores da ANA e de sociedades direta ou indiretamente detidas pela ANA», apontou o comunicado do Conselho de Ministros.

Fonte: Agência Financeira

Cristas anuncia pagamento de 13,7 milhões de euros a agricultores.


Ministra da Agricultura anunciou o pagamento antecipado de ajudas agroambientais ao setor agrícola.

O Governo iniciou hoje o pagamento antecipado de ajudas agroambientais aos agricultores, no valor de 13,7 milhões de euros, anunciou a ministra da Agricultura, Assunção Cristas, durante uma visita às ilhas do Faial e do Pico, nos Açores.
Assunção Cristas, que se deslocou ao arquipélago na qualidade de vice-presidente do CDS-PP, afirmou à Lusa que se trata de um "esforço de antecipação" dos apoios destinados ao setor agrícola, no âmbito das medidas agroambientais e de compensação pelas intempéries que o executivo decidiu pagar mais cedo.
A ministra, que falava no final de uma visita à Cooperativa Agrícola de Laticínios do Faial (CALF), defendeu, por outro lado, a necessidade de uma maior valorização do leite produzido nos Açores devido ao previsível fim do regime de quotas leiteiras na União Europeia.

"Guerra" pelas quotas leiteiras


Para Assunção Cristas, a "guerra" pela manutenção do regime de quotas leiteiras "ainda não está terminada", apesar de reconhecer que "é difícil" reverter a decisão já anunciada pela Comissão Europeia.
"Seria necessário uma maioria qualificada de dois terços para reverter essa decisão", frisou a ministra, para quem é importante encontrar "mecanismos de apoio" para os agricultores açorianos ao abrigo das ajudas às regiões ultraperiféricas da Europa.

Quebra na produção de vinha


Assunção Cristas deslocou-se depois à vizinha ilha do Pico, onde visitou a Cooperativa Vitivinícola para se inteirar dos problemas resultantes da fraca produção de vinho prevista para este ano devido às más condições climatéricas.
Os vitivinicultores estimam uma quebra na produção de vinho de cerca de 80%, em comparação com a média dos anos anteriores, mas a ministra da Agricultura não se quis comprometer com uma ajuda financeira concreta para este caso.
"Nuns anos corre melhor, noutros pior", afirmou, acrescentando que a "instabilidade" é um dos fatores mais marcantes desta atividade, sobretudo quando se verificam "constrangimentos ambientais".
Assunção Cristas admitiu, no entanto, que é necessário encontrar mecanismos que possam assegurar um "rendimento sustentável" para os vitivinicultores, de forma a não colocar "em risco a própria atividade".

Fonte: Expresso

domingo, 2 de setembro de 2012

CDS contra fecho da RTP2


Centristas não aprovam o modelo que está em cima da mesa. E avisam que fecho de RTP2 viola programa de Governo.
O CDS entende que o encerramento da RTP2 viola o acordo da coligação e o programa de Governo. Ao que o SOL apurou junto de fonte próxima do líder do CDS, Paulo Portas considera mesmo que aceitar o modelo que está em cima da mesa do Governo, e que foi antecipado pelo SOL na passada semana, «seria abrir um precedente muito complicado».
Portas tem conhecimento que este era um modelo em estudo, entre outros, mas entende que qualquer alteração ao programa de Governo terá de ser alvo de muitas conversas e negociações. O que ainda não aconteceu.
O líder do CDS não abre o jogo, para já, sobre a possibilidade de o seu partido vir a aceitar o modelo, mas fonte da direcção lembra que este foi precisamente um dos pontos mais sensíveis nas negociações do acordo de coligação e que o partido apenas concordou com a privatização de um canal – «foi já um equilíbrio entre as posições do CDS e do PSD», sublinha a mesma fonte.
Segundo o programa de Governo, a reestruturação da RTP «incluirá a privatização de um dos canais públicos» e «o outro canal, assim como o acervo de memória, a RTP Internacional e a RTP África serão essencialmente orientados para assegurar o serviço público».
Ao SOL, o deputado Raul Almeida, que reuniu esta semana com o conselho de redacção da RTP, afirmou que o CDS tenciona «cumprir lealmente o programa de Governo» e que, por isso, é «pela manutenção da RTP2». E considerou ainda que a concessão de um canal e o fecho de outro «não é a solução final».

Fonte: Sol

sábado, 1 de setembro de 2012

Segurança Social.Cortes serão feitos “com consciência social muito importante”


O ministro da Solidariedade e Segurança Social, Pedro Mota Soares, afirmou hoje que já sabe que vai ter que reduzir na despesa para 2013, embora não quanto, mas garante que o fará "sempre com consciência social muito importante".
O governante falava no Fundão, onde participou em cerimónias da Santa Casa da Misericórdia Local, onde foi questionado pelo jornalistas sobre a informação adiantada pelo semanário Sol, na sexta-feira, de que o ministro das Finanças, Vítor Gaspar, estaria a acelerar nos cortes em vários setores, de acordo com o dossiê apresentado à "troika".
"Sabemos que temos que reduzir despesas, mas faremos sempre [a redução] com uma consciência social muito importante", garantiu Mota Soares, dizendo acreditar que ainda há margem de manobra para conseguir mais poupanças.
O ministro da Solidariedade e Segurança Social reconheceu que "o teto global de despesa para 2013" que deriva do memorando de entendimento com a "troika" é um "desafio muito exigente", mas acredita que será possível cumpri-lo.
O sinal de esperança reside na "descida consolidada da despesa" que está a ser alcançada, destacou o governante, e que na área da segurança social passa pela utilização "mais justa e equitativa" do dinheiro.
Apontou como exemplo uma poupança de 70 milhões de euros obtida no combate à fraude no Rendimento Social de Inserção e que foi aplicada "no aumento de pensões mínimas e rurais de um milhão de portugueses" que em 2011 as tinham visto congeladas.
Mota Soares destacou ainda a redução de "14 por cento de despesas de administração" que permitiu um aumento de verbas para ação social.
De acordo com o ministro, há sempre trabalho no sentido de "alocar os recursos certos, para as verbas certas", ou seja, "poupanças que permitam ter uma resposta social de qualidade e que seja mais justa e equitativa".
Pedro Mota Soares participou no Dia da Irmandade, celebrado pela Santa Casa da Misericórdia do Fundão, com a inauguração das obras de requalificação do antigo hospital da cidade, que hoje acolhe serviços da instituição e da Igreja da Misericórdia.
Os edifícios foram recuperados numa parceria entre a Misericórdia e a Câmara do Fundão, no âmbito das obras em curso na zona histórica da cidade.

* Este artigo foi escrito ao  abrigo do novo acordo ortográfico aplicado pela agência Lusa

Fonte: Ionline

Adriano Moreira salienta "civismo extraordinário" mas teme "ruptura" social


O ex-presidente do CDS Adriano Moreira sublinha "o civismo extraordinário" com que os portugueses estão "a exprimir a sua queixa", mas alerta que "o cansaço da tributação" pode provocar uma "ruptura", sendo essencial cultivar "a confiança" entre Governo e cidadãos.


"Há uma coisa que é evidente: o civismo da população tem sido extraordinário. Penso que o cansaço da tributação começa a atingir a população. Porque isso afecta gravemente o nível de vida, os projectos de vida. Portanto, esse é um ponto a que é preciso tomar atenção muito séria. Porque o civismo demonstrado, mesmo as reclamações, os protestos que tem havido, são protestos institucionais, digamos. A população até tem vindo para a rua, mas não tem vindo com muita violência. É civicamente que a nação está a exprimir a sua queixa", sublinhou o histórico do CDS, em entrevista à agência Lusa a poucos dias de completar 90 anos, a 6 de Setembro.

Mas Adriano Moreira acrescenta que "é evidente que nunca se pode evitar que uma ruptura possa aparecer".

"É preciso muita atenção a isso, muita confiança entre o Governo e a população. Eu julgo que um dos grandes males da Europa neste momento é não apenas a falta de grandes lideranças, mas o facto de a confiança entre Governo e sociedade civil estar a ser afectada na Europa. E isso é uma das coisas a que é preciso prestar grande atenção", destacou.

Para Adriano Moreira, a coligação PSD/CDS-PP hoje no Governo "está provavelmente a fazer o que é possível" e sublinha que o Executivo português "não tem outro remédio neste momento a não ser cumprir as obrigações" assumidas internacionalmente no âmbito do programa de ajustamento financeiro.

O antigo líder do CDS insiste em que Portugal tem mesmo de recuperar a sua "credibilidade" e que "deve fazê-lo através deste caminho".

"Faço votos e espero que [o Governo] cumpra inteiramente o mandato e que não haja fissuras pelo caminho. Acho que na situação de debilidade em que o país está, e em vista das obrigações que assumiu, as pessoas podem não estar de acordo com as obrigações, mas elas foram assumidas e não era bom para o prestígio do país, para a credibilidade externa, que tivesse que mudar o Governo durante a legislatura", acrescentou.

Sobre a relação que mantém hoje com o CDS, que liderou de 1986 a 88 – para além de ter sido deputado do partido durante 14 anos –, insiste em que não mantém nem actividade nem intervenção política desde que deixou o Parlamento, mas acrescenta: "Sou, isso sim, talvez o único antigo presidente do CDS que nunca saiu do CDS."

Fonte: Público

Portas descontente com caso RTP quer renegociar planos com PSD


O ministro dos Negócios Estrangeiros não gostou da forma escolhida pelo ministro dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, para anunciar os planos para a concessão da RTP. Paulo Portas vai, por isso, renegociar com o PSD a estratégia para a estação pública de televisão, assegurando que será necessário “um esforço para recuperar o sentido de compromisso” entre os dois partidos.


Em declarações na edição deste sábado do semanário Expresso, o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros mostrou-se desagradado com a forma como Relvas definiu o futuro da RTP, insistindo que é contra a concessão de todo o serviço público de televisão a privados.

O também líder dos populares garantiu que o seu partido não vai aceitar alterações ao que está no programa do Governo de coligação PSD/CDS-PP sem uma renegociação. “Vai ser preciso um esforço para recuperar o sentido de compromisso que PSD e CDS demonstraram quando negociaram o programa do Governo. Estamos cá para isso”, acrescentou.

As declarações de Paulo Portas surgem apenas um dia depois de, na sexta-feira, o conselho de administração da rádio e televisão públicas ter apresentado a sua demissão, que foi aceite por Miguel Relvas, ministro que tem a pasta da comunicação social.

O pedido de demissão surgiu depois do consultor do Governo para as privatizações, António Borges, ter anunciado que uma das propostas em cima da mesa era a concessão da RTP a privados e o encerramento da RTP2. Esta semana, a administração liderada por Guilherme Costa, que foi reconduzido no cargo pelo ministro da tutela, Miguel Relvas, manifestou-se contra a concessão.

As declarações de Borges, que desencadearam uma tempestade de contestação, levaram Guilherme Costa a dizer publicamente que, em “tempo oportuno”, manifestou junto do Governo a sua discordância perante o cenário de uma concessão da empresa a um privado. “O conselho de administração da RTP considera descabido do ponto de vista institucional a divulgação pública de opiniões favoráveis a um dos cenários ainda em análise, sentindo-se por isso obrigado a divulgar publicamente que manifestou, em tempo oportuno, a sua discordância relativamente a este cenário”, lia-se no comunicado divulgado segunda-feira. A administração dizia ainda que não reconhecia “os argumentos económicos de poupança para o Estado, apresentados publicamente, em favor deste cenário”.

A partir daí as relações entre o ministro e o até agora presidente da RTP azedaram. E Relvas tratou de resolver o problema. Ainda em Timor-Leste, combinou uma reunião com Guilherme Costa para sexta-feira.



Fonte: Público