O ministro dos Negócios Estrangeiros não gostou da forma escolhida pelo ministro dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, para anunciar os planos para a concessão da RTP. Paulo Portas vai, por isso, renegociar com o PSD a estratégia para a estação pública de televisão, assegurando que será necessário “um esforço para recuperar o sentido de compromisso” entre os dois partidos.
Em declarações na edição deste sábado do semanário Expresso, o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros mostrou-se desagradado com a forma como Relvas definiu o futuro da RTP, insistindo que é contra a concessão de todo o serviço público de televisão a privados.
O também líder dos populares garantiu que o seu partido não vai aceitar alterações ao que está no programa do Governo de coligação PSD/CDS-PP sem uma renegociação. “Vai ser preciso um esforço para recuperar o sentido de compromisso que PSD e CDS demonstraram quando negociaram o programa do Governo. Estamos cá para isso”, acrescentou.
As declarações de Paulo Portas surgem apenas um dia depois de, na sexta-feira, o conselho de administração da rádio e televisão públicas ter apresentado a sua demissão, que foi aceite por Miguel Relvas, ministro que tem a pasta da comunicação social.
O pedido de demissão surgiu depois do consultor do Governo para as privatizações, António Borges, ter anunciado que uma das propostas em cima da mesa era a concessão da RTP a privados e o encerramento da RTP2. Esta semana, a administração liderada por Guilherme Costa, que foi reconduzido no cargo pelo ministro da tutela, Miguel Relvas, manifestou-se contra a concessão.
As declarações de Borges, que desencadearam uma tempestade de contestação, levaram Guilherme Costa a dizer publicamente que, em “tempo oportuno”, manifestou junto do Governo a sua discordância perante o cenário de uma concessão da empresa a um privado. “O conselho de administração da RTP considera descabido do ponto de vista institucional a divulgação pública de opiniões favoráveis a um dos cenários ainda em análise, sentindo-se por isso obrigado a divulgar publicamente que manifestou, em tempo oportuno, a sua discordância relativamente a este cenário”, lia-se no comunicado divulgado segunda-feira. A administração dizia ainda que não reconhecia “os argumentos económicos de poupança para o Estado, apresentados publicamente, em favor deste cenário”.
A partir daí as relações entre o ministro e o até agora presidente da RTP azedaram. E Relvas tratou de resolver o problema. Ainda em Timor-Leste, combinou uma reunião com Guilherme Costa para sexta-feira.
Fonte: Público
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