quinta-feira, 14 de junho de 2012
"Até à próxima Cimeira..." por Celeste Cardona
E nós por cá vamos esperando... Esperamos pelos resultados das eleições na Grécia, pelos resultados da 2.ª volta das eleições na França, e não podemos deixar de lançar um olhar para a Irlanda, neste caso para ver como reage ao "resgate" a Espanha. Claro que não devemos estar desatentos ao que se está a passar em Itália, que, como sabemos desde a tomada de posse de Mario Monti, tem procurado desempenhar um papel preponderante na União.
Mas não ficamos por aqui, no que toca à atenção que devemos continuar a ter. O Chipre, ao que dizem as notícias, vai precisar de um resgate bancário, muito em breve.
Em Espanha, bem em Espanha, mais do que olhar, estamos a sentir. Recordo que os nossos vizinhos são os nossos principais parceiros. Há até quem diga que um "espirro" em Espanha pode ser uma doença grave em Portugal.
Com efeito, para além de relações de vizinhança, as nossas relações são suficientemente fortes e intensas para que não possamos, em nenhuma circunstância, estar alheados do que lá se passa.
E o que lá se passa, neste momento, é a aplicação de uma decisão comunitária assumida pelo Eurogrupo no sentido de ser disponibilizado ao Estado um valor que se estima em cerca de cem mil milhões para acorrer ao sistema financeiro espanhol.
Repetem os dirigentes políticos espanhóis que não se trata de um "resgate", que é apenas um empréstimo ao Estado que será afecto à recapitalização e à sustentabilidade do sistema bancário espanhol.
Dizem os responsáveis políticos portugueses, de entre eles, o Presidente da República e o primeiro- -ministro que esta decisão europeia favorece Portugal. Teria sido uma boa medida, tomada no tempo certo, que se vai reflectir positivamente no nosso país.
Dizem os responsáveis políticos da oposição que a ajuda a Espanha é a melhor oportunidade para "renegociar" o plano em vigor em Portugal, sobretudo reivindicar para nós as vantagens que podem ter sido consideradas para Espanha, nomeadamente taxas de juros e prazo do "resgate".
A questão, pelo menos como é colocada, é que ainda se desconhecem as condições, os prazos, as contrapartidas, bem como as taxas que serão aplicadas ao Estado espanhol e quais serão as taxas que este, por sua vez, vai exigir aos bancos receptores dos fundos financeiros!
Por isso, cá vamos esperando... Até ao dia 21 de Junho, data de mais uma importante Cimeira Europeia.
Já sei que há mais de dois anos se têm sucedido as cimeiras, sem que, até ao momento, delas tenha saído mais do que "proclamações", "desígnios", "objectivos", "tratados" que carecem de aprovação, ratificação e regras de entrada em vigor no espaço comunitário.
De qualquer modo não é possível deixar de ouvir e de ver as declarações do ministro das Finanças alemão, proferidas ontem mesmo, a propósito da Cimeira.
Dizia ele, com a "autoridade" que lhe é reconhecida, que qualquer das soluções que têm vindo a ser aventadas, desde as eurobonds, project bonds, mutualização da dívida, reforço das competências do BCE, neste momento, e até que sejam consolidadas as contas dos países membros, não resolvem qualquer dos problemas com que a Europa se debate!
Pois bem! Eis a resposta alemã que, tenho por certo, vai ser insistentemente salientada no próximo dia 21 de Junho.
De que estão à espera, o que é que é preciso acontecer para que alguma coisa mude na Europa?
Se todos vimos, vivemos e já sabemos que as medidas conjunturais que se têm vindo a tomar, a mais recente delas, o "empréstimo" a Espanha, não "sossegam" essa entidade "mítica" que é o mercado! Basta estar atento para ver a instabilidade que continua a estender-se... também a Itália...
Apetece dizer, ainda que não apeteça aceitar, que a "crise" não está a ser estancada, está a crescer, por mais esforços que a nível interno estejam a ser concretizados. E estão! Bem o sabemos, nós os portugueses.
Sou optimista por natureza! Esta semana é demasiadamente importante para que a Cimeira também não o venha a ser. É preciso apontar caminhos, mas para que os mesmos possam ser trilhados é urgente que os líderes europeus os conheçam e nos façam parte deles.
Fonte: Diário de Noticias
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