A Juventude Popular (JP) defendeu esta terça-feira a demissão do Conselho de Administração da RTP por ter criticado publicamente “o maior accionista” da empresa, o Estado, a propósito da possibilidade de concessão de um canal a privados.
“Não é normal numa empresa, seja ela qual for, o Conselho de Administração entrar em rota de colisão com o accionista e manter confortavelmente o seu lugar à espera de novidades quanto ao futuro”, acrescenta a Juventude Popular (JP).
Em declarações à agência Lusa, o presidente da JP, Miguel Pires da Silva, acrescentou que aquilo que “mais choca” a juventude centrista é que a administração da RTP “venha a público tecer críticas sobre o maior accionista”.
“Quando alguém não está bem deve discutir essa questão internamente e nunca vir a público”, insistiu, acrescentando: “Eu acho que a administração [da RTP], neste caso, a única saída que tem é pedir a sua demissão de modo a mostrar o seu desagrado para com o maior accionista, mas nunca fazer aquilo que está a fazer neste momento, que é criticar publicamente o maior accionista”.
A administração da RTP disse na segunda-feira que manifestou em “tempo oportuno” junto do Governo a sua discordância perante o cenário de uma concessão a um privado da empresa, acrescentando que “não reconhece os argumentos económicos de poupança para o Estado, apresentados publicamente, em favor deste cenário”, quando comparados com os do Plano de Sustentabilidade Económica e Financeira (PSEF), aprovado pela tutela no final de 2011.
“Entendemos que o Governo está a fazer aquilo que tem de fazer, aquilo que muitos, se calhar, já deviam ter feito anteriormente e não deixar a RTP chegar ao estado calamitoso a que chegou “, acrescentou o líder da Juventude Popular.
Para esta estrutura, “a gestão da RTP deve passar para a esfera privada salvaguardando o enorme espólio da mesma e mantendo as competências adquiridas ao longo de anos e o centro de decisão em Portugal”.
Miguel Pires da Silva criticou ainda as recentes declarações dos dirigentes do Partido Socialista em relação à RTP: “O PS teve a oportunidade de fazer aquilo que o Governo hoje está a fazer. Recordo o estado a que o país chegou e o acordo internacional que tivemos de assinar, que comprometeu em muito o desenvolvimento e o bem-estar de todos os portugueses”, afirmou”.
No comunicado divulgado esta terça-feira, a JP sublinha “o estado de absoluta emergência em que se encontra o país” por causa da gestão socialista anterior e “a questão deficitária do sector empresarial do Estado”, de que faz parte a RTP.
“O Governo, condicionado pelo Memorando de Entendimento que o país assinou com as instituições internacionais, além de ter de arrecadar receita por forma a cumprir os objetivos assumidos, tem vindo a mostrar um esforço de louvar no intuito de resolver os inúmeros buracos financeiros que em muito contribuem para os sacrifícios que os portugueses heroicamente estão a fazer. A RTP, todos sabemos, trata-se de uma empresa altamente problemática onde o Estado ao longo dos últimos anos colocou largos milhões de euros no sentido de manter a sua pesada estrutura de pé “, acrescentam.
No domingo, o secretário-geral do PS disse, na Madeira, que quando o PS for Governo voltará a existir um serviço público de televisão, considerando que a intenção de concessionar a televisão “serve alguns interesses, mas não serve o país”.
Contactado pela agência Lusa, o deputado do CDS-PP Raul Almeida, que tem assento na Comissão de Ética e Comunicação, escusou-se a fazer qualquer comentário sobre as posições da JP.
Fonte: Público
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