sexta-feira, 10 de agosto de 2012
Vânia Dias da Silva: A antena do ministro
Está viciada na saga A Guerra dos Tronos. «Vi a primeira temporada toda da série e depois decidi comprar os livros», confessa Vânia Dias da Silva. As batalhas, as traições e as intrigas para a conquista do Trono de Ferro num reino medieval fictício podem ter muito a ver com a política.
Mulher do Norte, de gestos largos e cabelos compridos e ondulantes, Vânia ocupa, aos 35 anos, o lugar de sub-secretária de Estado do ministro dos Negócios Estrangeiros (MNE), uma função de grande confiança do ministro e líder do CDS. Dirige o gabinete a que Portas também tem direito no 6.º andar da Presidência do Conselho de Ministros (PCM) por ser ministro de Estado. É, no entanto, a cara mais desconhecida deste Governo e, por isso, nunca foi reconhecida na rua.
A sub-secretária de Estado é, na verdade, uma antena de tudo o que passa no Governo e mantém actualizado o ministro. «Falamos todos os dias ao telefone, mesmo quando está fora do país. Ele é uma pessoa muito atenta e preocupada». Nos anteriores Governos, não existia este cargo – foi uma invenção de Portas, que se parece ter inspirado nos Governos de Cavaco Silva, que hierarquizava muito bem as tarefas de secretários de Estado e sub-secretários.
Aparentemente, esta jurista, natural de Guimarães, preenche todos os requisitos de uma mulher do CDS. Votou contra a despenalização do aborto, é contra quotas para as mulheres, não coloca na agenda o casamento gay, assume-se como conservadora, adora as tradições, a praxe académica de Coimbra, onde estudou, e até o cozido à portuguesa.
Ainda mais do que isso: Vânia Dias da Silva é da geração-Portas. Significa isso que cresceu politicamente enquanto lia os editoriais do semanário O Independente. Aderiu ao CDS quando já toda a gente sabia quem era ‘o monstro e o seu criador’, ou seja, Manuel Monteiro, sob os holofotes, e, Paulo Portas, o teorizador. No Congresso de Braga, que entronizou Portas, estava lá como delegada.
Antes do convite para o Governo, Vânia estava a trabalhar como adjunta do vereador da Protecção Civil da Câmara do Porto, Manuel Sampaio Pimentel e reagiu com orgulho ao convite. Foi assim viver para Lisboa pela primeira vez. Em Guimarães, onde regressa todos os fins-de-semana, deixou o marido, os pais e os amigos. «O que mais custa é a distância de casa. Mas gosto muito da luz de Lisboa, embora pensasse que a cidade tinha mais sol. Descobri que afinal também chove em Lisboa», diz, enquanto olha pela janela do edifício alto e feio da PCM, que foi construído para ser um hotel no Estado Novo e que se tornou num centro nevrálgico do poder político.
Sem muito tempo para gozar os tempos livres, confessa que canta «pessimamente» e talvez por isso o seu género de música preferido seja o jazz. Fã de Jan Garbarek e dos filmes de Emir Kusturica, não hesita em escolher a ex-comunista Rússia como a viagem de sonho, embora tenha pânico de andar de avião. «Continuo a andar, mas não percebo por que tenho medo que o avião caia e este medo está a aumentar com a idade».
Fonte: Sol
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário