O CDS, que antes de pertencer ao Governo discordava da alienação de um dos canais da RTP, defende agora que o número de canais que se devem manter na esfera pública é uma questão "secundária" e "vê com bons olhos" o plano de sustentabilidade do grupo estatal que prevê a manutenção de apenas um canal.
No debate desta tarde no Parlamento sobre o futuro do serviço público de comunicação social, o PCP, PS e Bloco de Esquerda criticaram as "piruetas do CDS", como lhe chamou a bloquista Cecília Honório.
O deputado centrista Raúl de Almeida garantiu que "o CDS defenderá o direito de todos os portugueses a um serviço de rádio e televisão de qualidade". Mas "com quantos canais se faz o serviço público de televisão para nós é realmente secudário", realçou.
"É essencial que os meios sejam geridos de forma a garantir a sua continuação para o futuro; queremos meios adaptados ao que os portugueses e o país possam e pagar", vincou Raúl de Almeida.
Para o CDS a RTP "deve ser uma montra para mostrar ao mundo um Portugal moderno que vale a pena visitar e descobrir, um país sério onde vale a pena investir". Mas antecipando novas críticas da oposição, Raúl de Almeida avisou que não quer uma RTP Internacional sob a chancela do Ministério dos Negócios Estrangeiros, como recomendou o grupo de trabalho que, a convite do ministro Miguel Relvas, analisou o serviço público de comunicação social. Defende antes um canal internacional que seja "um reflexo privilegiado do que se faz em Portugal".
A deputada Cecílio Honório, do BE, criticou as "piruetas do CDs": "Fizeram a campanha eleitoral evitando tocar no assunto da RTP. Houve deputados que nas últimas semanas mostraram o seu desconforto com o debate e exigiam ponderação." "Hoje ficamos a saber que é um partido muito compreensivo com a privatização da RTP. O seu partido vai ser compreensivo com a negociata que pode estar por detrás da privatização do canal?", questionou a deputada bloquista.
Nuno Melo, actual eurodeputado e número dois do CDS, bem como o deputado centrista Ribeiro e Castro já vieram a público defender a manutenção dos dois canais na RTP.
Para Raúl de Almeida, "o serviço público de televisão que hoje temos não é exemplar", porem, a questão fulcral, defende, "é de conteudos, não é de meios", daí que seja indiferente se isso se faz com um ou dois canais de serviço público. Depois de lançar críticas ao PS lembrando que o partido também era, há duas décadas, contra a abertura do espectro aos canais privados (SIC e TVI), o deputado do CDS disse que "se nada se fizer hoje corre-se o risco de deixar a RTP converter-se numa empresa que os portugueses não podem pagar".
Por isso, adiantou, "a preocupação do CDS é que o negócio, a existir, seja com regras claras e dentro da lógica do Estado de direito".
Fonte: Público
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