domingo, 15 de janeiro de 2012

CDS defende 'reforma profunda' das agências após corte 'incompreensível'



O eurodeputado do CDS-PP Diogo Feio defendeu hoje «reformas profundas» na forma como funcionam as agências de notação financeira, considerando «incompreensível» o corte nos 'ratings' europeus anunciados na sexta-feira pela Standard & Poor's, incluindo o de Portugal.
A Standard & Poor's cortou o 'rating' de Portugal em dois níveis, de BBB- para BB, passando assim a nota para um nível já considerado 'lixo' ('junk'), tal como o havia feito a Moody's e a Fitch. Também os 'ratings' de Chipre, Itália, Espanha, Áustria, França, Malta, Eslováquia e Eslovénia baixaram.
Para Diogo Feio, e em relação sobretudo ao caso português, estas classificações são, neste momento, «incompreensíveis», indo mesmo, em relação a diversos países, «contra os próprios factos».
O eurodeputado recordou que há seis meses o 'rating' português baixou por estas agências considerarem que não existia estabilidade que garantisse a concretização de medidas e austeridade e por existirem dúvidas em relação ao cumprimento das metas estabelecidas para o défice público e a adopção de reformas estruturais, tal como acordado com a 'troika' da ajuda externa.
Porém, hoje, diz Diogo Feio, «há estabilidade política», de que é prova «a aprovação do Orçamento do Estado pelos dois partidos da maioria parlamentar que apoia o Governo e a abstenção do maior partido da oposição». Além disso, acrescentou, a 'troika' já fez duas avaliações positivas do cumprimento do acordo, os objectivos do défice estão a ser alcançados e foram postas em marcha as reformas estruturais decididas, nomeadamente no terreno das privatizações e do mercado laboral.
Em relação a outros países que viram baixar o 'rating' atribuído pela Standar & Poor's, Diogo Feio sublinhou que são casos, como o da Itália, por exemplo, em que os juros das suas dívidas soberanas tinham descido ao longo da semana.
«Há aqui alguma contradição que tem de ser ultrapassada», sublinhou.
O eurodeputado considera que as agências de notação necessitam de «reformas profundas», apontando «três vícios» que devem ser corrigidos e controlados: a metodologia que utilizam, a forma como tornam públicas as suas decisões e o facto de optarem sempre por classificações pró-cíclicas.
No primeiro caso, considerou que as metodologias nem sempre são transparentes, exemplificando que há seis meses as notações resultaram de análises país a país e, agora, a Standard & Poor's se baseou numa análise global da Zona Euro.
Quanto à forma como divulgam as notações, defendeu o estabelecimento de prazos, para uma maior estabilidade.
Por fim, considerou importante perceber por que motivo estas agências baixam os ‘ratings’ quando «o ciclo económico está para baixo» e os sobem quando o ciclo é ascendente.
«Nunca são capazes de perceber, de uma forma geral, uma alteração de ciclo. E é isto que claramente sucede em relação a esta situação [das classificações da Standard & Poor's de sexta-feira]», disse o eurodeputado, que lembrou que o CDS-PP elaborou há meses um estudo sobre o funcionamento das agências de notação em que apontava todos estes aspectos e reforçava a ideia da necessidade de dar mais transparência a estas empresas e à forma como actuam.
«É a questão da regulação. Têm de ser decisões claras, estáveis, controláveis e controladas», afirmou, acrescentando que o relatório servirá de base a iniciativas a nível do Parlamento Europeu que neste momento discute uma proposta da Comissão Europeia para alterar a forma como funcionam as agências de notação.

Fonte: SOL/Lusa

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