quinta-feira, 26 de julho de 2012
Portas insiste em “diálogo privilegiado” com o PS
O líder do CDS defende na carta aos militantes que os partidos do "arco da governabilidade" devem ter "prudência e responsabilidade".
Na carta enviada hoje, Paulo Portas diz também aos militantes do CDS-PP que quer o partido a "reflectir" sobre o "ciclo-pós assistência externa", devendo o próximo congresso "centrar-se nesse tema e mostrar um CDS marcadamente reformador".
O líder democrata-cristão, que é ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, afirma que "o nível de impostos já atingiu o seu limite" - como foi divulgado pelo Expresso no mês passado -, justifica que "praticamente todas as medidas fiscais tomadas" resultam do "cumprimento de obrigações do acordo externo", defendendo uma "política fiscal selectiva, competitiva e favorável à família, à empresa e ao trabalho" para o período pós ´troika'.
Apesar de considerar que Portugal tem hoje "credibilidade" externa e descolou da "identificação" com a Grécia, Portas reconhece que "o sucesso" do país depende também do que acontece aos outros, nomeadamente na zona euro.
"No momento em que se agrava a pressão sobre países como a Espanha ou a Grécia, os partidos do "arco da governabilidade" em Portugal deviam, mais do que nunca, agir com a maior prudência e responsabilidade", afirma.
"Quanto maior for a incerteza externa, maior deve ser a nossa coesão interna. Quanto mais preocupantes pareçam as notícias da frente externa, mais solidez devemos revelar na frente interna. Por essa razão, tenho defendido e continuarei a defender o diálogo privilegiado com o maior partido da oposição e a procura sistemática do consenso com os parceiros sociais", defende.
No mesmo sentido, Portas reitera o apelo a que "o Partido Socialista pondere melhor a tentação de fazer oposição a qualquer preço", lembrando que o "triunvirato" sobre o qual os socialistas dirigem a sua oposição "entrou em Portugal pela sua mão".
Por outro lado, o presidente do CDS considera "essencial" criar "todas as condições políticas e económicas para que a recessão, desde há muito prevista para 2012, dê lugar, em 2013, a uma viragem que signifique o início do crescimento económico" e quer o partido a pensar o país depois da ´troika', sublinhando que pedi-lo actualmente é um "sinal" da sua "esperança" no futuro.
"Há um dia seguinte à crise. Há um ciclo pós-assistência externa. Há um país para além da transitória restrição de soberania a que tenho chamado "protectorado". Quero o CDS a reflectir sobre esse Portugal que vale a pena. Penso, aliás, que o próximo Congresso do partido deve centrar-se nesse tema e mostrar um CDS marcadamente reformador e decisivo nessa transformação", argumenta.
Portas refere-se ao acórdão do Tribunal Constitucional que determinou a inconstitucionalidade dos cortes nos 13º e 14º meses do sector público e aposentados como colocando "um problema suplementar" que "o país dispensava".
Paulo Portas começa a longa missiva aos militantes lembrando o 38º aniversário do CDS-PP, assinalado no domingo nos Açores, "como sinal de apoio ao CDS açoriano e ao seu presidente", em ano de eleições regionais e depois de na Madeira os democratas-cristãos terem alcançado o melhor resultado de sempre e serem actualmente a segunda força.
Numa prestação de "contas" aos militantes, o líder enumera o cumprimento de promessas eleitorais no seio de um Governo do qual o CDS decidiu fazer parte "por patriotismo", elogiando o valor da estabilidade.
"A verdade é que a estabilidade política, em Portugal, passa muito pelo CDS", afirma.
Portas elenca, entre outras, medidas como "a valorização das pensões mínimas, sociais e rurais", a "separação do trigo do joio no ‘rendimento mínimo'", a "garantia do investimento no PRODER", na agricultura, assim como a "generalização da prescrição por principio activo", o "avanço nos exames nacionais, um estatuto do aluno mais disciplinador e responsabilizador" e os "julgamentos rápidos".
Fonte: Diário Económico
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