O Conselho Nacional do CDS-PP reúne-se hoje em Lisboa num momento de "reflexão colectiva" e "escrutínio" do papel dos democratas-cristãos no processo orçamental, com conselheiros da tendência Alternativa e Responsabilidade a pedirem esclarecimentos sobre o "caminho" do partido.
A reunião do órgão máximo do partido entre Congressos acontece após a aprovação do Orçamento do Estado para 2013, criticado por deputados democratas-cristãos nas declarações de voto de João Almeida, Adolfo Mesquita Nunes e José Ribeiro e Castro, tendo sido recusado pelo deputado eleito pela Madeira, Rui Barreto, que votou contra, violando a disciplina partidária e o acordo de coligação entre PSD e CDS-PP.
A reunião do Conselho Nacional do CDS foi convocada para fazer a "análise da situação política, económica, social e financeira do país" e apesar de não estar prevista a marcação do Congresso ordinário, o presidente da mesa, António Pires de Lima, disse que "a ordem de trabalhos é suficientemente genérica para permitir qualquer possibilidade".
A eventual apresentação de uma moção de censura à direcção do partido por parte de conselheiros da tendência Alternativa e Responsabilidade (AR), como tem vindo a ser noticiado, terá que esperar por próxima reunião, porque os estatutos do partido estabelecem que "é condição prévia da votação de uma moção de censura ou de confiança a sua inclusão na convocatória e ordem de trabalhos do Conselho Nacional".
O presidente da mesa do Conselho Nacional defendeu que a reunião será de "reflexão colectiva" e uma oportunidade para questionar a direcção e os deputados sobre a governação e a aprovação de um Orçamento "em que o CDS não conseguiu vingar todos os seus projectos no sentido de controlar os danos para a economia e famílias portuguesas do aumento de impostos".
Pires de Lima admitiu vir a convidar o ministro das Finanças, Vítor Gaspar, para explicar a execução orçamental perante aquele órgão do partido, mas não nesta reunião como pediram 12 conselheiros nacionais do AR.
"Não foi negada a esses conselheiros a possibilidade de, num futuro próximo, termos um Conselho Nacional onde possa ser convidado o senhor ministro das Finanças para, de forma útil, o próprio Conselho Nacional ser informado da forma como decorrerá a execução orçamental em 2013", declarou.
Gonçalo Moita, do AR, um dos conselheiros que pediu a presença do ministro, queria ouvir já Vítor Gaspar e lamentou este entendimento, argumentando que "parece que o CDS só se prepara para pedir contas".
Igualmente do AR, Filipe Anacoreta Correia defendeu que a reunião deverá "esclarecer" o "caminho" que o partido está seguir, argumentando que "o ambiente de pouca clareza está a gerar insatisfação".
"O ambiente de pouca clareza está a gerar uma grande insatisfação. As pessoas sentem falta de quem aponte um caminho e não aponte apenas os limites a determinado caminho. O partido está numa estratégia de agradar a gregos e a troianos e isso resulta mal", disse à Lusa Filipe Anacoreta Correia.
O porta-voz do CDS e ‘vice' da bancada parlamentar, João Almeida, salientou, por outro lado, que este Conselho Nacional foi antecedido de um outro, antes do processo orçamental, "com muito debate, em que a direcção do partido esteve completamente disponível para responder a todas as questões, para dar todos os esclarecimentos e para ouvir todos os conselhos e opiniões".
"Neste momento, será também, dentro de uma lógica de escrutínio e de como o CDS, o grupo parlamentar, a direcção do partido, devem seguir a sua actuação política. É normal que o Conselho Nacional funcione como parlamento do partido e faça toda esta discussão, tendo representadas diversas sensibilidades", afirmou.
Fonte: Lusa/SOL
Foto: João Sérgio