O CDS/PP mostrou-se hoje disponível para estudar uma alternativa à área de Formação Cívica, que o Ministério da Educação pretende eliminar.
O objectivo será o de garantir que os directores de turma possam ter horas integradas no currículo destinadas à resolução de problemas e conflitos dos seus alunos, indicou o deputado centrista Michael Seufert na recta final da audição pública sobre a revisão da estrutura curricular, que foi promovida pela comissão parlamentar da Educação.
Esta foi uma das propostas apresentadas por professores na sessão onde, com a sala do Senado praticamente lotada, docentes, representantes de sindicatos e associações profissionais e de pais “chumbaram” a proposta apresentada pelo Ministério da Educação e que se encontra em consulta pública até ao final do mês. Identificados com casacos, lenços ou fitas de cor amarela, os professores de Educação Visual e Tecnológica (EVT) compareceram em peso.
A prevista divisão da disciplina de EVT em duas componentes separadas, com menos tempo lectivo total, foi aliás um dos pontos mais contestados durante a manhã de hoje. Também o fim dos desdobramentos de turmas na disciplina de Ciências da Natureza no 2.º ciclo e a extinção de Formação Cívica mereceram a crítica praticamente unânime dos mais de 40 intervenientes na audição.
A área de Formação Cívica, que no ensino básico ocupa um bloco de 45 minutos por semana, tem sido sobretudo utilizada pelos directores de turma para debater e resolver problemas criados pelos alunos ou apontados por estes. No 2.º e 3.º ciclo são estas aulas que contribuem "decisivamente para a melhoria do clima das escolas. É aí que se resolvem muitos problemas disciplinares”, alertou a directora do agrupamento do monte da Caparia, Inês Castro.”É nas aulas de Formação Cívica que resolvemos muitos dos conflitos existentes e que se faz a gestão dos problemas de turma. Por isso não concordamos com a sua extinção”. corroborou Margarida Guimarães, do agrupamento de escolas de Vila de Rei.
Fátima Lopes, do agrupamento de escolas de Ansião, lembrou que os directores de turma não podem retirar tempo às aulas das disciplinas que ministram para resolver estes problemas. Uma solução, segundo ela, poderia passar por mudar a designação de Formação Cívica para espaço de Directores de Turma, com tempos lectivos consignados no currículo e a ser implementado em todos os níveis de ensino.
Ataque ao ensino prático
Para António Simões, do agrupamento de escolas de Águeda, a proposta do ministério constitui “um ataque ao ensino prático” consagrado através do reforço da carga lectiva nas disciplinas de Língua Portuguesa, Matemática, Ciências, História e Geografia em detrimento das outras áreas. Mónica Mendes, da Ordem dos Biólogos, advertiu que no 2. º ciclo esta proposta levará, na prática, ao fim do ensino experimental na área de ciências.
Até agora, nos tempos de laboratório, as turmas de Ciências eram divididas ao meio. O ministério propõe a eliminação deste desdobramento, defendendo que no 2.º ciclo “a actividade experimental pode ser efectuada com toda a turma”. Mónica Mendes não concorda: “Com turmas de 28 alunos é impossível fazer um trabalho laboratorial”, contrapôs.
“Sentimo-nos profundamente enganados e revoltados”, afirmou Carlos Gomes, da Associação de professores de Educação Visual e Tecnológica, lembrando que a separação da disciplina em duas componentes não constava nem dos programas eleitorais do PSD e do CDS/PP, nem do programa do Governo. Na anterior legislatura os partidos actualmente no Governo opuseram-se ao fim do par pedagógico (dois professores em sala de aula) em EVT, proposta pela ministra Isabel Alçada.
Fonte: Público/Clara Viana
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