quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Ministra da Agricultura quer mais transparência na formação dos preços nos supermercados



Código de boas práticas que vai reger a relação entre fornecedores e grande distribuição deverá estar pronto até Março.


Assunção Cristas, ministra da Agricultura, defendeu hoje que é “essencial introduzir transparência na formação dos preços” a que os produtos chegam às prateleiras dos supermercados. Na abertura do congresso da Associação Portuguesa das Empresas da Distribuição (APED), que termina hoje em Lisboa, Assunção Cristas garantiu que o Governo tem estado empenhado em melhorar as relações entre os fornecedores e a grande distribuição, quase sempre marcadas por tensão.

No âmbito da Plataforma de Acompanhamento das Relações na Cadeia Agroalimentar (PARCA), criada para facilitar o diálogo entre as partes, Assunção Cristas quer ver esclarecida, nomeadamente, a forma como se distribui o valor de um produto ao longo da cadeia (desde a produção até à distribuição).

“Não se percebe como é que os preços evoluem”, disse, acrescentando que parte do trabalho da PARCA é introduzir “transparência na formação de preços”. Quando for apurada a forma de elaboração dos preços, a intenção é depois “perceber se há uma lógica de equidade e equilíbrio”.

Nas reuniões da PARCA, que juntam à mesma mesa o Governo, a APED, a Confederação da Indústria Portuguesa e a Confederação dos Agricultores de Portugal, está a ser elaborado um novo código de boas práticas que, entre outras medidas, prevê a criação de um tribunal arbitral e um provedor para resolver conflitos. A expectativa de Assunção Cristas é ter o documento pronto até Março.

A ministra admite que a relação entre produtores e supermercados é desequilibrada e há “sempre a tendência de quem está na posição mais fraca se sentir esmagado”. “Ainda temos muitas queixas sérias e fundadas dos que perdem e normalmente são os que estão do lado da produção”, disse.

Apelando a um maior consumo de produtos nacionais, a ministra da Agricultura afirmou ainda que “é com alguma tristeza que se houve dizer que é mais fácil exportar do que conseguir entrar na distribuição nacional”. Ainda assim, Assunção Cristas reconheceu que o sector tem tido um “papel fundamental” na profissionalização dos produtores agrícolas.

As grandes superfícies da área alimentar têm vindo a apostar nos produtos portugueses, numa altura em que também o consumidor está a optar por bens de origem nacional. Paulo Azevedo, presidente executivo da Sonae (do grupo do PÚBLICO), defendeu que o facto de ser mais fácil exportar do que vender no mercado doméstico “é uma boa noticia”. “Quer dizer que já conseguimos abastecer a distribuição com fornecedores portugueses”, disse.
 
Fonte: Público/Ana Rute Silva

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